quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Por quê os teatros estão vazios (parte2)

Continuando o post anterior, volto a comentar as razões pelas quais, humildemente acho serem as causas de tantas cadeiras vazias em nossos teatros...

Polvinhos e Polvões,



É com grande pesar que continuo a saga dos porques (reparem que escrevo cada qual à minha maneira, seguindo minha subjetividade, que, por vezes desafia a realidade) de tantas cadeiras vazias...



Na primeira parte falei um pouco da falta de políticas públicas culturais. E repito. Acho um erro incentivar somente quem faz arte, por vezes nos esquecendo daqueles que deveriam (?!) ser os mais importantes que são aqueles que compram os ingresssos (ou assistem gratuitamente).



É claro que algumas poucas ações estão sendo tomadas (o vale cultura é uma delas). Mas é pouco. Bem pouco.



Acredito também que o fato dos atores não darem-se o devido respeito ajuda e muito. Oras bolas e carambolinhas se não confiares em ti quem o fará? De todo o modo não é disso que pretendia falar...



Nosso querido leitor assíduo terá visto o comentário pertinente de outro leitor tão assíduo quanto no post anterior. O dono do táxi mais charmoso do Rio de Janeiro, apesar de lucrar com isso, reclama da falta de transportes públicos decentes em nosso país...



É claro que medidas pontuais estão sendo tomadas (finge). Em São Paulo depois da lei seca (a cultura continua ignorada) foi melhorado (foi?!) um pouco o sistema de transporte público, algumas raras linhas noturnas foram implantadas.



A cultura normalmente é feita nas noites de sexta. E aos finais de semana. Não é por acaso, penso eu. que são também os dias nos quais existem menos meios de locomoção (exceto, claro, os carros e táxis). O teatro vocês se lembram, geralmente ocorre de noite.



Mas se não me lembro do teatro. Ou ainda quando me lembro não tenho dinheiro para gastar. Ou quando lembro e tenho dinheiro não tenho como ir.



A resposta fica um pouco mais óbvia...

Porque os teatros estão vazios?

Porque os Teatros estão vazios? Não é novidade ver atores, produtores, diretores e etc. reclamando a falta de público na cena teatral brasileira. Não é nada raro observar em comunidades do orkut e afins gente gritando, esperneando que não consegue público para suas peças, por quê?

Colegas e Coleguinhas,



Faço a vocês a mais famigerada pergunta. A pergunta da qual nenhum ator sobrevive. Da qual nenhum de nós (não, a banda não...) deixa de ter sua própria teoria e, justamente por isso, acaba causando certo desconforto. Sem mais delongas:



POR QUÊ OS TEATROS ESTÃO VAZIOS?



Se você é ator, atriz, produtor ou executa alguma função qualquer no teatro brasileiro e não teve a glória (outros dirão inglória) fortuna de ter passado pela rede bobo Globo de televisão ou ainda a Record ou qualquer outra, sabe exatamente o tamanho do problema que temos de enfrentar.



Claro, se você, Antônio Fagundes (porque sempre ele né?!) está lendo meu querido bloguinho, sabe que esse é um problema que inexiste.



(falo, portanto, aos outros...)



O fato é que excluindo-se as exceções que confirmam a regra, pouquíssimas pessoas têm o hábito de freqüentar o teatro em nosso país. Normalmente as peças cheias de público estão assim ou por um famoso no elenco ou porque o público é composto basicamente de artistas (como no caso da querida praça Roosevelt em São Paulo).



As razões são as mais diversas, hoje, comentarei uma. Amanhã outra. E terminarei a semana com uma surpresinha.



Acredito numa conjuntura de fatores. Acredito, por exemplo, que o fato de não existir uma política pública priorizando a cultura em nossa cidade, em nosso estado nosso País de nada adiantará propagandas e mais propagandas, leis rouanet e etc.



O público precisa tomar gosto pela coisa. Para isso é preciso que se incentive o teatro (não como é feito atualmente, incentivando quem faz o teatro), que se incentive o público a IR ao teatro, ver TEATRO. Porque atualmente o povo quer mesmo é ver FAMOSOS no teatro.



E isso é ainda mais grave.



em tempo: o pontapé inicial será, talvez, dado agora com o Vale Cultura....

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Precisa-se de atores para trabalhar de graça...

Atores de teatro, bem como atrizes de teatro com toda certeza já ouviram proposta semelhante. Trabalhar de graça é crime? Pedir para que trabalhem de graça é? Atores e Atrizes devem se submeter a tais situações? O tema não é tão simples como aparenta e costuma gerar certa polêmica...



PRECISA-SE DE ATORES / ATRIZES para trabalho assim e assado em tais e tais dias. O trabalho não será remunerado porém há ajuda de custo para transporte e alimentação...



O aviso acima pode parecer comum, mas não deveria. Sim, minha posição é totalmente contrária.



Imaginem a seguinte situação:



Um dentista (sempre uso dentistas como exemplo) recém formado, e, portanto ainda sem clientes, resolve abrir seu consultório. A primeira coisa que faz é colocar um anúncio pedindo:



- Faxineira

- Secretária

- Dois assistentes



Todos para iniciarem os trabalhos gratuitamente, paga-se, claro, o transporte e alimentação, mas deixa claro que a situação é só no começo, até que ganhar clientela.



NENHUM. Repito NENHUM ser humano aparecerá. Ainda mais se houver uma entrevista para o emprego. Então porque é que os atores e atrizes devem se submeter a isso?



É simplesmente um absurdo que alguém ache NORMAL que se trabalhe de graça.



Os argumentos a favor são sempre variações do mesmo tema:



- Produções pequenas, cineastas iniciantes etc. etc.



Oras bolas e carambolinhas, as produções pequenas não tem de pagar cenário, figurino? Ou tudo brota do chão (é certo que há inúmeros casos de que brotem dos atores mesmo)? Cineastas iniciantes não pagam absolutamente nada para ninguém? DU-VI-DO.



TCC não precisa pagar maquiagem, figurino, cenário, locação? Oras, inclua-se também os gastos com atores. Ou que não se exijam atores. Que se utilizem de estudantes de teatro (repare que não disse a idade), formandos e afins...



Ser ator ou atriz no Brasil É UMA PROFISSÃO. Não se pode, simplesmente aceitar o argumento de "Amor pela Arte". Amor pela arte devem ter todos envolvidos na arte, mas o salário nada tem com isso. Absurdo ainda maior é existir TESTES para trabalho sem remuneração.



ATORES E ATRIZES ACORDEM!!! É preciso se dar o devido valor, ou ninguém mais o fará. Meu dentista (ótimo por sinal) adora o que faz. A ponto de me atender aos sábados pela manhã, pelo motivo único de que eu não posso em nenhum outro dia. Mas ele nunca deixou de me cobrar por isso. E ESTÁ CERTÍSSIMO.



Parem com essa baboseira de trabalho pelo amor a arte e afins... Ou paguem seus aluguéis com amor.



E tenho dito.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Enviar Currículo para a Globo?

Enviar currículo para a Globo ou não, eis a questão. Trabalhar ou não trabalhar na Globo? Eis a questão. Há quem jure de pés juntos que morre de fome mas não trabalha por lá... E há quem não trabalharia por lá mas trabalharia em outras emissoras... Há quem não sinta necessidade nem desta discussão...



Eu por minha vez penso que pouquíssimas pessoas teriam coragem de não aceitar, por exemplo um salário de 50 mil por mês. É claro que esta não é a média do que recebem os atores globais, especialmente se você não estiver na novela das oito nove.



A globo tem uma história que não se esquece, é bem verdade. É verdade também que poucas multi-nacionais teriam coragem de atirar a primeira pedra, como disse o outro. Mas poucas são tão sujas a ponto de terem ajudado a ditadura, ok, nem tão poucas assim...



Folha de São Paulo , Globo, Volkswagen, General Motors, Chrysler, Firestone, Philips e Constanta entre outras, também cresceram e ajudaram a ditadura. (até a Ultragás entrou no esquema, e quero ver vc ficar sem ela...)



A Record por sua vez, bem a record todo mundo sabe porque assiste a globo e ficou sabendo...



(para mais detalhes sobre o que penso de ambas clique aqui! )



Então o que nos resta? Não trabalhar em empresa nenhuma que tenha auxiliado a ditadura? É um caminho, que duvido que a maioria tenha coragem de seguir... mas o ponto principal não é este.



O ponto principal, em minha opinião, é exatamente o que é que deixamos que nos imponha o empregador. Exemplifico-me:



Não teria problemas em trabalhar na / com a Globo. Mas JAMAIS eu disse JAMAIS assumiria publicamente uma posição contrária àquilo que acredito, como a ANCINAVE por exemplo. Nunca diria que o selo de classificação etária no teatro é coisa da ditadura, como fez o Jô:



"O argumento de que indicar a idade apropriada para uma criança ou adolescente entrar em contato com determinados conteúdos (como sexo, violência e uso de drogas) em obras artísticas no teatro, cinema e TV, segundo critérios públicos, é o mesmo que censurar – ou seja, proibir arbitrariamente que determinado conteúdo circule socialmente – é o mantra das emissoras de TV desde que a Portaria 264/07 entrou em vigor. Na entrevista, foi também o mantra do pitbull. "



Infelizmente não achei a entrevista no youtube para postá-la...



Em suma a questão que me importa é simplesmente que trabalhar para a Globo não significa apagar toda a história dela da minha cabeça ou começar a dizer o contrário... Trabalhar para a globo (entenda globo, record etc.) é ganhar o dinheiro como ator da forma mais lucrativa possível no Brasil... queiramos nós ou não...



O que não dá é, para proteger teu salário, sair por aí dizendo que tem medo disso e daquilo ou que o Lula é uma criação (é o renascimento do criacionismo) da USP, UNICAMP e UNESP como disse o não tão querido Carlos Vereza em entrevista ao Jô (devidamente linkado) isso não dá.





Agora se você tem coragem de prometer ao mundo que não ganharia dinheiro sujo (entenda que veio indiretamente do apoio à ditadura) vai ter que pesquisar bastante para não ser autônomo...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Judas Macabeu, Macbeth e Macabéia...

Sempre pensei que uma coisa tivesse a ver com a outra... Macabeus, Macbeth e Macabéia? Que demônios teriam a ver uns com outros?!?! Macabeus, Macabéia, Macbeth... E não é que tem mesmo a ver? Está certo que os dois últimos são um tanto quanto contraditórios, não são exatamente o exemplo de heróis... mas vamos lá...

Primeiro devo me confessar contar que fui Coroinha na época de escola. Sim. Ok, mudemos de assunto.



Primeiro devo contar um pouco da história de Judas Macabeu (e seus macabeuzinhos, digo, judeus): (Macabeus cp 5 vers 1 em diante, é, pois é...)



Começamos a história meio do meio, posto que é a bíblia e não serei eu que vou imitar o Cid Moreira, está certo? Muito bem...



Resolveram acabar (na minha bíblia está exterminar) com a raça dos descendentes de Jacó. Judas, que não é bobo nem nada (e parece muito o Aquiles) resolveu tomar uma atitude um tanto quanto drástica. Eis que para salvar seu polvinho ele desata a matar todos num estilo bem Chuky Norris (que deus me proteja dele) e simplesmente mata a galera toda.



Bom, ao terminar a matança (lá no versículo 68, gente vale a pena é um carnificina só...) ele simplesmente retorna com um:





68. Judas voltou para Azot, na terra dos estrangeiros, derrubou seus altares, queimou seus ídolos, sujeitou suas cidades à pilhagem e em seguida voltou para a terra de Judá.



Beleza? Simples assim...



Tá, e daí? Ok, da história do Macbeth você manja né? Se não manja clica aqui (e se envergonhe, até a wikipédia sabe...)



Pois é um cara que para ser rei simplesmente assassina o rei e se acha superior às leis (não estou xingando judeu nenhum, deixei claro, lá em cima, que havia uma inversão)  e que conclui, por conta de uma revelação (no caso com bruxas) que não pode ser morto por nenhum homem saído de uma mulher e que nada o mataria enquanto a floresta não se mover.



No final a coisa se inverte e ele é morto por um homem que nasceu de cesária (coisas de Shakespeare) e um exército camuflado faz parecer de longe que a floresta (é bosque na verdade) está se movendo.



Os dois querem conquistar um reino. Ambos usam da força física para isso, um está com a razão e outro não (se você for judeu ou católico, claro, porque se for um descendente de Esaú vai me xingar a vida toda). Ambos não tem um "círculo familiar" (um tem o irmão e outro a esposa) e por aí podemos seguir associando...



Mas e a Macabéia... Ora, a esta altura do campeonato você já está pra lá de ciente que ela não tinha família e também buscava conquistar seu reino sua hora de estrela. Não mata ninguém, muito pelo contrário sente assim uma coisa por dentro e chega a pedir ajuda do médico: você não tem uma aspirina? To com uma dor aqui no peito, uma angústia...



Judas Macabeu consegue seu reino. Macbeth consegue por pouquíssimo tempo. Macabéia não consegue.



O mesmo tipo de associação pode ser feita para a Ilíada, A Divina Comédia e Os Lusíadas, por exemplo...



Mas essa aí já é uma outra turrada...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Como superar o Heath Ledger? (spoiler)

Polvinho e polvinhas, os mais sagazes já puderam perceber que sou um tanto fanático pelo personagem Coringa / Joker do Batman certo? Isso vai muito além da sensacional / estupenda / maravilhosa atuação do nosso ex-colega (não eu não “vejo gente morta”) Heath Ledger na última filmagem da série...







A questão vai além, vai exatamente da questão do Caos... A cena em que Heathe Ledger  / Joker / Coringa queima a sua parte do dinheiro só para deixar claro que não estava afim do dinheiro é simplesmente impagável. O negócio é mesmo ver o mundo pegar fogo...





E quem há de discutir que o mundo precisa mesmo pegar fogo ? Eu até diria que seria bom inundar a bagaça toda e recomeçar mas a idéia me pareceu um tanto antiquada e batida... Enfim...





A questão é muito mais profunda... Um herói como o Batman que vive dividido entre fazer justiça e  seguir a justiça me parece também das melhores. Não  é a toa que tenho essa obsessão pelo caos. O mundo atual é um caos....





Imagine pessoas que sabem quem é Mara Maravilha e não sabem quem foi Hesíodo?!?!  Claro que não é seu caso, já nos informamos aqui mesmo de quem foi esse tal Hesíodo...





Imagine pessoas que consideram Dado Dolabella um ídolo e que, de fato, pagaram para ver Vera Fischer (já com certa idade) nua na playboy?? Como diz o outro páre o mundo que eu quero descer …





Mas enfim, o post é sobre o Joker...  Imagine um vilão que simplesmente não quer dinheiro?! Não pede nada em troca de não explodir alguns reféns, como na cena do submarino? Que apenas quer mostrar que o mundo fede mesmo...





Este é o retrato excelente criado no último filme... E que parece que não terá fim nunca, pois haverá sempre alguém para lembrar aquele impagável papel que elegeu Heath Ledger como ator concorrido e que, infelizmente, não pode colher os louros (ao menos apagou a imagem de cowboy...)





Mas ele está para ser superado, dizem... Alfred, o mordomo revelou:

 

"Eu estava com um executivo da Warner e disse: 'vamos fazer outro (filme do Batman)? Ele disse que sim e eu perguntei: 'como vamos superar Heath (Ledger, o Coringa)'? Ele falou: 'Com Johnny Depp como o Charada e Philip Seymour Hoffman como o Pinguim".





Tá aí um filme que não perderei...

Dado Dolabella agradece pela "A Fazenda"

Falar do Dado Dolabella ? Meu Polvinho... como sabem não sou muito de zoar a desgraça alheia. Mas nada me impede de zoar a felicidade alheia certo? Até porque não estaria fazendo nada de mais... E, bom, tratando-se de Dado Dolabella nem é preciso muito... Eis que na minha saga diária atrás de temas aleatórios (Salve D. João Google) acabo encontrando um vídeo maravilhoso do Dado Dolabella agradecendo por ter ganho "A fazenda 2"...

Meu polvinho confesso que não resisti...



Um ser humano emocionado, na minha humilde opinião, deveria ser um ser humano CENSURADO, sim sim com todas as letras.



Não apenas por perder a noção daquilo que fala, mas principalmente por perder a noção de que está sendo usado por outras pessoas (vulgo a mau(l)dosa mídia). Mas... como ninguém censura acontece coisas que só rindo.. (pergunte a Vanusa por exemplo...)



Bom um cara semi-normal (veja isso e descubra se alguém que o faz é normal)agradecendo por ter ganhado um reality show não poderia mesmo ser coisa boa...



Em 1º Lugar ele agradece, claro, a Deus, porque o jogo começou mesmo foi lá trás...



"Éramos todos peixes e fomos evoluindo e os répteis foram saindo da água, FOMOS evoluindo..."



deuses... juro que não sabia que já havia reality show antigo assim... vai ver a serpente foi o Pedro Bial fundador ou sei lá...  enfim... se quiserem (é engraçado, assista pelo menos até a parte da bronca na empregada...) o vídeo é esse aqui:



Dirce Migliaccio

É isso aí meu polvinho, morreu a Dirce Migliaccio. A maioria nunca soube quem foi ela. E agora todo mundo sabe que ela fez a Emília do Sítio do Pica-pau Amarelo (de um tal de Monteiro Lobato lembram?). Vou falar um pouquinho dela pro povo que nunca soube passar a saber...



Dirce Migliaccio nasceu em 1933. Atriz como todo mundo sabe.



O que poucos sabem é que ela estreou no teatro fazendo o papel (ótimo) de Terezinha na peça "Eles não usam black Tie" (que se você não conhece pode fazer o download por aqui mas não sei se é ilegal se for, não faça!) do (também ótimo)Guarniere, isso lá em 1958.



Poucos sabem também que não faz tanto tempo assim que ela estava ausente da TV. Quer um exemplo? Ela fez uma participação especial no Sai de Baixo em 1996. Participou de novelas e filmes notórios (e alguns notáveis) como "Bem Amado", "O assalto ao trem pagador", tudo isso ANTES de fazer a Emília.



Foi virar Emília só em 1977.



Enfim, é sempre bom esclarecer um pouquinho a cabeça do povo né?!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Nenhuma nudez será castigada

Tiazinha nua. Dani Suzuki nua. Vera Fischer nua. Juliana Knust nua. Juliana Paes nua. Entre tantas outras... E alguém lembra de algum ator nu? Só a nudez feminina é que dá dinheiro?

É isso aí meu polvinho. Vamos todos ficar peladões! Sim, porque ao que parece há um certo vazio no mercado de nús ar(u)tísticos.  Elas topam qualquer coisa minha gente!



Depois de tantas bundas femininas. Depois de tantos peitos, peitinhos e peitões, é chegada a hora do Galo (pegaram o trocadilho?)! Pois se "toda nudez será castigada" é bom que se aproveite enquanto ela é premiada!



Que castigo teve Vera Fischer? Tá bom, melhor usar outro exemplo...



O fato é que atrizes nuas enchem mesmo a tela. E preparem-se pois Zé Mayer está aí! Mais nudez está por vir! E vamos encher a tela de salivas e babações (DE OVO né gente?!). Pois quando uma atriz fica nua o país para! E quando a gente pára o mundo pára com a gente...



Parei...



Não dá para ser engraçado. Mulheres deste Brasil varonil! Exijam! Homens nus já! Eu mesmo sou contra, mas afinal, justiça é justiça e não se fala mais nisso! Até porque eu mesmo faço questão de ficar nú... assim que me arrumarem um cachê parecido com aquelas que já citei...



E não quero mais ouvir reclamações... o teatro não dá dinheiro?



FIQUEMOS NÚS MINHA GENTE!



Mas assinem o contrato antes, esse povo costuma ser meio mesquinho...

A emissora Geni

Teatro sem nunca ter trabalhado na Globo? Teatro sem a grande mídia é possível?  Uns dizem que é vender a alma. Outros que é sobrevivência...



Não é raro ver atores revoltados com a situação do teatro em nosso país. E as reclamações são quase sempre as mesmas: falta de verbas públicas, falta de público, falta de cultura etc. e tal...

Raro é ver quem consiga ultrapassar estes limites. Missão homérica é achar alguém que consiga dizer ok, a globo talvez não seja culpada de tudo. A Globo pode até ajudar o teatro um pouquinho que seja.

Não cara leitora. Não meu raríssimo leitor.



Não farei aqui uma defesa ferrenha da emissora. Em outras oportunidades já a critiquei e pretendo continuar com a minha opinião. Muito bem.



Fato mesmo é que a rede Globo de Televisão pouco faz para prejudicar o teatro. Faz igualmente pouco para ajudá-lo também. Mas a questão é: é função da Globo ajudar alguém?



Me parece óbvio, claro e transparente que não.



Oras bolas e carambolinhas, é claro que no momento em que um produtor global utiliza um edital público (ou lei de incentivo) para produzir uma peça igualmente global e com o patrocínio da Globo (que será deduzido no IR da própria emissora), a emissora lucra mais do que a cultura. É mesmo?



Talvez. Primeiro é preciso considerar que nada existe de ilegal nesta prática. E sim, considero ingênuo quem espera que uma multinacional (seja de quem for) seja ética e moral. Eu espero que utilizem de práticas legais e só isso já me faz pensar se não estou sendo demasiadamente ingênuo também.



Ok. Imoral e anti-ético. Mas o ponto é: prejudica a cultura?



Prejudica! Dirá o ator / produtor / atriz etc. que tenta o mesmo patrocínio sem ser "global" (ou da record, dá no mesmo).



Claro que não! Dirá o espectador médio. Sim, porque ele , que não tem 80 reais, achará lindo (e de fato é) poder assistir a uma Fernanda Montenegro por R$30.



A questão para mim é muito simples, a Lei não deve tratar como iguais os diferentes. Simples assim. Eu não sou o Fagundes, não quero, portanto, o mesmo tratamento dele. É preciso que a lei separe nichos culturais e distribua percentagens diferentes para cada um de nós.



Exemplo: Ator / Atriz de renome nacional: porcentagem a ser deduzida do IR: 2%

               Ator / Atriz iniciante (leia: sem renome nacional): porcentagem a ser deduzida do IR: 8%



Aí sim você poderá tentar pedir patrocínio em condições de ao menos existir uma chance de conseguí-lo. Enquanto a lei tratar você da mesma forma que o Gilberto Gil não se pode culpar a Globo.

sábado, 19 de setembro de 2009

A problemática da inteligência

Teatro, cultura, tv... Há Muito que venho pensando. Principalmente depois de algumas incursões pelo Orkut (tente Teatro, Hilda Hilst ou algo inteligente para você ver...) e decidi que já passava da hora de um desabafo cibernético (outro dirá frenético para fazer piada mas eu não rirei...). É hora de falar sobre a inteligência e cultura.



Não são poucas as bobagens que escrevo. Eu sei disso e você que me lê provavelmente já considerou algo que escrevi uma grande asneira. Alguns de vocês teve a bondade de me dizer isso, motivados talvez, por um sentimento católico de culpa e salvação ou ainda só para poder dizer "falou besteira ein?". E não há problemas nesta relação. Até porque você é livre para acessar o blog quando quiser, tiver paciência e etc. E eu posso simplesmente aprovar seu comentário sem dar a mínima para ele...



Tristeza mesmo é ver um ser humano (posso ser eu se você quiser...) falando com total certeza de um assunto que simplesmente não faz idéia do que seja.



Eu mesmo, falo sobre teatro, tv, cultura. Acadêmico não sou. Atuando não estou. Culto também não sou (o que não me transforma em ignorante, mas em estudante). Por vezes ocorro em erros dignos de um bobo da corte. Como alguns dos que tenho lido (e que, certamente, não veio de você).



A força bruta empregada nas palavras, a certeza como flecha que segue em direção ao calcanhar simplesmente se esquece de que, em alguns casos, o guerreiro do outro lado não é Aquiles. E uma flecha no calcanhar passa a ser algo insignificante.



É triste.



É por este motivo que não faço ironias ao agradecer que alguém visitou meu blog. Quem escreve quer ser lido. Ainda que pelo pior inimigo, se ele for capaz de argumentar contra. Mas ironia se constrói com um pouco, um mínimo de cultura.



E quando falta não é possível nem mesmo responder com ironia, porque ela passaria desapercebida.



Se eu acho Paulo Coelho um saco e continuo lendo, ao xingá-lo não me torno irônico, mas patético.



Mas posso xingá-lo com toda pompa. E sair por cima. Só não saberia dizer bem do quê...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Hilda Hilst e a Casa do Sol

Pois é meu polvinho, vendo uma comunidade no orkut acabei lendo que a Casa do Sol estava abandonada, como não sou de acreditar em tudo que leio resolvi vir até aqui (cá estou em plena Casa do Sol) e constatar que era mesmo mentira o comentário feito. Aproveito e conto um pouco da história toda...





Muito bem,



Eis que estamos em pleno século XXI, liberdade de fantasiar imprensa, nada de censura e neguinho abre a boca para falar do que bem entender, mesmo que não entenda nada...



Hilda Hilst, paulistana de Jaú, nascida a 21 de abril de 1930 é tida como uma das principais autoras da literatura em língua portuguesa (Chupa Paulo Coelho!!) viveu por praticamente 40 anos na Casa do Sol.



Em 1965, considerando essencial para sua vida literária uma mudança de ares começa a construir o que viria a ser Casa do Sol. Muda-se em 1967 permanecendo na mesma residência até seu falecimento. Foi nesta moradia, portanto, que escreveu 80% de sua obra.



Ainda em vida fez parceria com a editora Globo, para a re-publicação de sua obra completa.



Foi um divisor de águas na obra de Hilda. Depois disso ela passou a ser muito bem distribuída e as pessoas passaram realmente a conhecê-la e ler sua obra.



Palavra de Daniel Fuentes, hoje herdeiro dos direitos autorais.



Mas a história não começou nele. Antes, seu pai (José) Mora Fuentes, amigo de muitos anos de Hilda e que, inclusive, viveu na mesma casa por um longo período (basta dizer que começou a morar nela em 1968) e que permaneceu (quase solitariamente, além de sua própria família) ao lado da poeta (você pode até achar que se diz poetisa mas Hilda não diria o mesmo...) iniciou o "Instituto Hilda Hilst - Casa do Sol Viva" cujo principal objetivo é divulgar e manter viva na cultura brasileira a obra de HH.



Faz muitos anos que conheço a Casa. E muitos anos que acompanho a batalha épica para manter os quase 40 cachorros (outra paixão de HH e Mora Fuentes), que não só vivem na casa, mas comem e são atendidos por um veterinário (eu mesmo o vi retirando alguns espinhos dos cães, resultado da briga da matilha com um porco-espinho).



Daniel faz questão de dizer que não é sacrifício nenhum cuidar dos cães.



Afinal, meu pai morou aqui por 30 anos, minha mãe por 20 e eu nasci aqui...Eles fazem parte da casa e não são de modo algum estorvo.

Mas são 40. Não é preciso dizer que Hilda ganhou alguns prêmios, ainda assim:



- Prêmio Anchieta de Teatro em 1969, com o Verdugo.

- Prêmio APCA para o conjunto da obra em 1981.

Entre muitos outros...



O Instituto conta, atualmente com:



- 4 escritórios de advocacia.

- 1 projeto de restauro

- Importantes parcerias (entre elas a editora Globo, segundo Daniel trata muito bem a obra e os projetos da Casa)

- Projeto de teatro de arena (que viria atrelado ao projeto de restauro)

- Projeto de biblioteca e residência para artistas e cientistas das humanidades.



Entretanto na dita comunidade é possível encontrar comentários de que é preciso boa vontade para que as coisas dêem certo. E é. Só o projeto de restauro passa da casa dos SEIS dígitos. Mas vamos lá, é o orkut...



O que não dá para aceitar é que a casa esteja abandonada... Eu pelo menos fui muito bem recebido, inclusive pelos simpáticos cães.



Perguntei se Daniel gostaria de deixar uma conta para possíveis doações, a resposta?



Dinheiro? Não... Precisamos é de tempo para conseguir resolver as pendências jurídicas da área da casa (a dívida do IPTU, em negociação, hoje passa dos 2 MILHÕES) pois só assim conseguiremos verbas para restauro e manutenção da casa...Mas tudo está sendo bem encaminhado, só é preciso tempo... É trabalho para gente grande, não basta uma forcinha...



Não é o que acha SAHMARONI, para ele:



quem mora por lá deveria fazer força com as autoridades para que a casa fosse melhorada...e...vou pra pasárgada mesmo.....



É melhor... porque neste planeta as coisas se mexem é com trabalho...







Meu quarto na Casa do Sol, como podem ver muito bem arrumada, obrigado...

Salvem a ELT...

Direto do blog Movimento Livre S/A a programação da semana pela ELT



A única razão de eu publicar a programação aqui é ajudar na divulgação. Mais informações entrem no blog em questão.





O fim do sonho...

Sim minha gente, estarrecido que estou, sou obrigado a afirmar, O Mangue Beat simplesmente acabou. Se não havia acabado ainda com a morte do principal articulador do movimento (que você provavelmente já ouviu falar) o Chico Science. Sim, porque sou obrigado a ler que graças a internet e a crise das gravadoras hoje o Mangue Beat se limitaria a duas comunidades do orkut. Isso vindo de Fred 04, era só o que faltava mesmo...



Para quem não sabe o Mangue Beat foi um movimento cultural nascido das ruas do Recife em meados dos anos 90 que buscou revolucionar a cena musical da época, buscando uma variedade musical tão grande quanto a pluralidade da fauna de um mangue.



Começou com dois principais articuladores (Mundo Livre S/A e Chico Science & Nação Zumbi) e correu o mundo. Foi retomado (foi?!) posteriormente pelo Cordel do Fogo Encantado, já neste século.



Foi um baita movimento. Não apenas porque chamava atenção para os manguezais (sem serem eco-chatos) mas porque construía uma cena musical inteiramente nova.



Em entrevista à falha Folha de São Paulo Fred04 (do ML S/A) diz entre outras coisas que as gravadoras estão em crise.



Oras bolas e carambolinhas então um sujeito passa 10 anos de sua vida esperando a boa vontade da gravadora para finalmente produzir seu cd, quando o faz é obrigado a vendê-lo pelo preço que ela bem quiser (e dane-se se você faz parte de um movimento social) e você critica a web porque "desestrutura os selos"?? Faça-me um favor... coloque um siri na boca...





O interessante é que na mesma entrevista ele critica as leis de incentivo e se pergunta porque é que elas tratam os pequeninos do mesmo modo que trata as gravadoras. Ora, essa, está me sugerindo que as gravadoras buscam leis de incentivo por conta da internet? Que não fosse isso elas produziriam sozinhas?



Eu acho incrivelmente inapropriado esse tipo de reclamação.



O mundo criou a internet. As gravadoras ao invés de tentarem uma adaptação simplesmente resolvem proibir? Ontem mesmo saiu uma proibição no estado do PR.



Qual o preço médio de um DVD? R$50, R$60? Você pega uma Britney Spears, um Kayne West da vida, que estão sempre nas paradas de sucesso (e geralmente com uma ou duas músicas) e vai atrás de um cd, chega a custar R$35 (em oferta). Não, não estou falando em lançamento, estou falando de um cd que foi lançado em 2005... E você tem a oportunidade de escolher uma música ou duas e baixá-la de graça ou ainda comprando somente estas duas....



E a culpa é da internet? Vai catar siri!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Analfabetismo Cultural e o vestibular...

Ziraldo, em seu blog tem feito exaustivamente uma campanha intitulada Ler é mais importante do que estudar e, de fato, eu sou obrigado a concordar. Primeiro pelo motivo que ele mesmo apresenta não é possível estudar sem saber ler, fato indiscutível. Mas também porque a educação formal hoje, é baseada em pontos não muito claros. Ou você já estudou dramaturgia na escola? Estéticas de dança? Música?



Ziraldo, sim,  ele mesmo está com uma campanha que merece ser apoiada.O pior é saber que existem pessoas que são incapazes de entender a importância de uma boa leitura...



Está é uma das imagens que ele colocou em seu blog (link em cima e na seção "Vale a pena").



E para mim explica muito bem o porque de tanta indignação por parte dos pseudo-professores país afora.



Sendo incapazes de compreender as vantagens de um bom filme, ou uma boa peça de teatro, acabam também, sendo incapazes de entender porque é que ler um bom livro é também como um filme.



E eu continuo na minha incansável campanha (aparentemente sem apoio dos meus queridos leitores  e / ou leitoras) em favor do ensino da arte nas escolas deste país.



Mais ainda, já disse, luto pela imposição de escolas públicas de arte. Escola pública de teatro, cinema, e cultura em geral! E desde de pequenos!! (E não se esqueçam, ajudem a ELT!! É sério...)



Porque enquanto lutarmos pelas migalhas ganharemos farelos...



Ziraldo tem total razão, o povo precisa de cultura, de leitura... O ensino voltado ao vestibular é pornografia pura, como a tiazinha nua, ou a dani suzuki peladona ou o Briatori na F1ou sei lá o Zé Mayer em plena novela das 21hs!!



E tenho dito!

A Catarse no teatro grego e no teatro atual

Muita gente fala sobre a catarse, muita gente sabe o que é a catarse no teatro moderno e no teatro grego, mas existe também muita confusão. Há quem ache que não existe mais catarse e que isso é cisa que ficou para trás no teatro grego antigo, aqui tento chegar a uma explicação razoável...





A discussão começou no orkut, com um tópico sugestivo de "O teatro atial é pós moderno?" eu logo pensei:



"Que estúpido isso, qualquer teatro que veio depois do modernismo é pós-moderno, ora pois pois" E pensei também que atual era com U mas não vamos provocar...



Mas resolvi ver qual era a do polvinho... logo de cara havia um cara prático como eu perguntado qual sentido daquilo tudo...



Bom, discussão vai e vem e vem e vai eis que nos deparamos com a tal da "Catarse" ou "κάθαρσησ" ou escreva como bem quiser você pegou o ponto...



Bom, como acabei numa discussão meio particular com o "Dr Robert" achei por bem responder a ele por aqui, já que aqui quem manda sou eu mesmo... Assim o Dr se quiser responder poderá fazê-lo nos comentários já que uma discussão na comunidade do orkut entre duas pessoas é coisa que acho pra lá de besta, melhor seria trocar e-mails...



O ponto principal da questão é a diferença de ponto de vista entre o que os gregos chamavam de catarse em seu teatro / drama / tragédia e o que nós chamamos... mas o ponto começou mesmo foi lá atrás, já que nem eles mesmos não chegaram exatamente a um acordo...



Primeiro que falo da Catarse dramática, a medicina não me interessa. (ok, ficou claro?)



Muito bem, em sua Poética, Aristóteles (ou o velho Ari, como chamamos por lá) definiu muito bem as regras para o drama, pois vejamos algumas (fonte poética, capítulo VI):



(...)na tragédia, a ação é apresentada, não com a ajuda de uma narrativa, mas por atores. Suscitando a compaixão e o terror, a tragédia tem por efeito obter a purgação dessas emoções. (...)



Entenda por "purgação dessas emoções" a tal da catarse. Mas calma, vamos continuar a pesquisa;



A quinta parte compreende o canto: é o principal condimento (do espetáculo).





A tragédia empenha-se, na medida do possível, em não exceder o tempo de

uma revolução solar, ou pouco mais.




Ok. Paremos por um momento.



Se a catarse foi traduzida aqui por "purgação desses sentimentos" vamos ver o que é purgação para o português:





 substantivo feminino

1    ato ou efeito de purgar

2    evacuação provocada por um purgante

3    ato ou efeito de a alma expiar os pecados cometidos em vida

4    Derivação: por extensão de sentido.

imposição de sofrimento como pena; castigo, provação, penitência

5    qualquer secreção patológica que escorra de um órgão; corrimento, supuração

6    m.q. gonorréia


(fonte Houaiss)



Ah, dirá o sábio Dr e também o sábio leitor, está escrito bem aí: expiar os pecados cometidos em vida.



Oras bolas e carambolinhas!!

Lendo toda a definição me parece bem claro (muito mesmo!) que o termo "Purificação da Alma" é bem diferente de "purgação dos sentimentos". Não apenas porque não há pecados na etimologia grega (me recuso a explicar...) mas também porque todo o resto da definição tem uma conotação negativa.



A Catarse, caros coleguinhas, é um sentimento coletivo, aflorado pelo terror que finda as tragédias, este sentimento deveria aflorar por uma questão didática, para ensinar o cidadão como é a vida, como é a fortuna etc.



É óbvio que você pode discordar. O que você não pode fazer é pegar uma definição Aristotélica e aplicá-la em Eurípedes. Simplesmente porque a obra dum não se encaixa no perfil do outro.



Ou você é daqueles que pensa que os índios eram pecadores? Pois muito bem.



Repito o que disse na comunidade, não vejo catarse em obra teatral nenhuma. Ainda que eliminemos algumas regras da tragédia aristotélica (como a duração de "uma revolução solar = dia" por exemplo), Não temos tragédias que se sustentem como tal hoje em dia.



Comentei a esse respeito na crítica que fiz do filme "Tempos de paz" não sei se por conta do público ou da falta de confiança nos atores, mas hoje em dia não há uma só tragédia que não tenha momentos de comicidade "para não ficar muito pesado" como gostam de dizer...



Enfim, a minha conclusão é que o mais próximo que vi de catarse foi o espetáculo "Os Sertões" do Zé Celso, mais próximo não significa ter conseguido, mas nos tempos que correm, não sei qual seria exatamente a importância dela.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Direitos Autorais, dá pra viver deles?

Em matéria do jornal Valor Econômico lê-se uma frase de Paula Lavigne: "E quem é só compositor? (...) 90% da receita de um cantor, hoje, vem de shows". Resolvi ver se era isso mesmo... se as novas mídias estavam matando os cantores ou a indústria fonográfica, aí aproveitei e vi os de livro, os de teatro...





Muito bem coleguinhas,



Eis que me deparo subitamente com uma matéria do já famigerado periódico "Valor Econômico" (notem que leio esta bagaça...) que fala de cultura. É sempre bom desconfiar dos periódicos (eu mesmo sigo o que diz o Sepultura, banda de Heavy Metal, "Don't, don't believe what you  see! Don't, don't believe what you read") especialmente os que são voltados aos empresários.



Mas eu dizia... ah, sim, dizia que estava eu a ler o tal periódico, que, aos finais de semana, tem um caderno voltado à cultura. Eis que me deparo com  uma matéria dizendo basicamente que hoje em dia os empresários de artistas famosos não têm (em 2012 eu estarei lascado com os acentos) mais tempo de descansar, pesquisar e coisa e tal...(coitadinhos...) ; é preciso que se renovem a todo instante.



Citam a coitadinha da Ivete Sangalo que nem grávida deve descansar seu empresário, já que lançará um filme (?!?!) em animação sobre a autora ("Ivete Stellar e a Pedra da Luz", será que é evangélico argh) e deverá produzir alguns clipes também...



Depois de muito chorar sobre a situação do grande trabalhador Jesus Sangalo (irmão de Ivetinha) que, não por acaso, é empresário da moça, fiquei a pensar na afirmação supra-citada (vai demorar pra chegar 2012) sobre os direitos autorais...



E em minhas pesquisas não pude encontrar (BURRO!) uma norma que diga o valor exato da porcentagem (ou percentagem, ai meu jesuisinho...) que as gravadoras no Brasil deveriam repassar aos compositores, e sempre ouvi falar que músico ganha mesmo é nos shows...



Bem, o site HSW define as porcentagens (que se dane vai assim mesmo) para os EUA:



"Atualmente, é de US$ 0,08 por músicas de cinco minutos ou menos e de US$ 0,0155 por minuto para composições de tempo superior a cinco minutos. Então uma composição que dura 8 minutos arrecadará US$ 0,124 para cada gravação vendida"



Uau! O Pink Floyd ia ser o único a lucrar dessa forma! Calma, pense que são 8 centavinhos por música... Um cd hoje tem, em média 12 músicas de 3 minutos. O que significa lucro de 12 x 8 centavinhos que dá mais ou menos U$0,96 por cd!



Se você vender 1 milhão de cópias ganha quase 1 milhão certo? Errado. O site supra-citado diz que há espaço para negociação e que não é incomum as gravadoras acertarem pagar 75% do valor da legislação, ou seja 1 milhão menos 25% que deve dar U$750.000,00 !



Ok, este é o valor para quem GRAVOU o disco! E por lá, aqui deve ser mais baixo (se tiver a informação correta por favor me desminta nos comentários!)...



O compositor ganhar cerca de 8% a 25% do valor de varejo (lembre-se não do cd, mas das músicas dele dentro do cd).



Ah, não me venha com essa de que o compositor vai morrer de fome por causa dos torrents ou do mp3 ele já morre de fome!!



No teatro o autor ganha um preço que é combinado com ele + 10% da bilheteria (pode rir, não tem problema) e tem um desconto ainda da SBAT ou seja, a menos que você seja detentor de direitos autorais de alguém bem famoso não ganha a vida com isso, aliás, conheço um que tem direitos autorais de uma famosa e também não ganharia a vida com isso...



No entanto, não são poucas as vezes em que vemos produtores (argh!) mendigando direitos autorais, ou ainda sonegando-os.



No caso dos livros o normal é que o autor (exceção aos "Paulo Coelho" da vida) ganhe 8% sobre o valor de capa dos livros. Valor de capa não é aquele que você gasta para ter o livro, mas o que a editora / distribuidora vende à livraria... Ou seja, quer ganhar dinheiro com livro? Venda você mesmo o seu, tem um exemplo bom no ("www.sobrehomenseveleiros.com.br" , site que, por sinal, eu fiz...) onde o autor escreveu e revende ele mesmo os livros...



Bom, livro, música, teatro... Nem que você seja autor de todas essas obras e consiga sucesso com todas elas (se você consegue isso, por favor me diga como...) conseguirá viver de direitos autorais... mas pode sempre ficar famoso e aí tudo muda...



No caso dos livros é mais fácil, siga os exemplos: Paulo Coelho, Augusto Curi e por aí vai...



Prefiro meu bloguinho...

Manoel Carlos

Em entrevista ao jornal "O Estado de São Paulo" o famoso roteirista de  novelas, Manoel Carlos, diz que "Realidade não se discute" e ainda revela porque a protagonista da novela não poderia ser atriz: "teria que fazer novelas e na TV Globo, onde mais, na Record?"...

Para quem não conseguiu ainda engolir o post "Quanto custa um ator?" Manoel Carlos deixa bem claro o que é ser ator em nosso país.



Em sua entrevista M.C (se me permitem a intimidade) soltou:





"Primeiro, pensei que ela seria atriz. Mas a atriz teria de fazer novela, e na TV Globo – onde mais seria, na Record? Então, cortei a atriz."



Eu também já cortei as novelas da minha vida então te perdôo... O fato é que a profissão não existe. Ela é um passatempo para alguns e uma aventura para outros. Alguns poucos "Indiana Joneses" (ok, foi péssima) tem a sorte de ter um QI e / ou talento.



Não só o fato do autor renomado de novelas, Manoel Carlos, simplesmente esquecer que uma atriz pode fazer teatro (pode??) mas muitos outros fatos...



Não vou fazer o favor de enumerar aqui, mas peguem o Possível Fechamento da ELT e da ELCV (e que a Lilian não me mate...), peguem o número de DRTs que são vendidos concedidos por aí, junte tudo isso ao número de pagantes da bilheteria de sua peça (se quiser ser realista desconsidere os pagantes que você intimou convidou) mais o... ah, deixa pra lá...



O problema da entrevista é que nosso querido produtor de teatro autor de novelas finge não saber a importância de dar um papel de protagonista para uma atriz negra. Diz ele que é a primeira jovem mas que não pensou no fato dela ser negra, que ela podia até ser (argh!) japonesa que não haveria problema...



Então tá Manolozinho (já estamos íntimos a esta altura dos acontecimentos)...



Como bem você disse: "a ficção precisa fazer sentido, a realidade não"



Falou e disse...         

domingo, 13 de setembro de 2009

O Público e o Monstro

Benção ou maldição? O público é ao mesmo tempo, médico e monstro. Há quem diga que nunca souberam se comportar, outros que é a falta de costume. Outros culpam a obra que se apresenta, fato mesmo é que seja no teatro, no cinema ou onde for o público estará sempre a mexer com nossa paciência.



É meus coleguinhas, como prometi na crítica da peça de teatro "Mambembe" cá está o post sobre o público.



Antes de mais nada direi que ele foi motivado por, principalmente, dois motivos:



1. Uma amiga que vive reclamando do público do cinema.

2. O cara que sentou ao meu lado e manteve UMA TV LIGADA durante 20 minutos da peça que estava tentando assistir.



A questão ficou então dividida. O público conversa, faz barulho e etc. porque não gosta do que está vendo (como pensei ser o caso na peça) ou porque não está acostumado com a arte?



Me lembro que ao assistir um filme em Cuba (aliás um filme sobre a União Soviética) alguns dos espectadores estavam acompanhados de seus cachorros, outros fumavam e a grande maioria conversava. Questão de cultura, dirá o outro. Pode ser.



O fato é que a questão é mais antiga do que poderia supor a nobelíssima leitora e o raríssimo leitor. Em comédias da Grécia Antiga já havia reclamação por parte dos autores do barulho que era feito pelo público da época.



Não se pode, portanto, culpar a televisão pelo mau jeito do público. A culpa seria nossa?



Pode ser difícil para nós, admitirmos que, talvez, só por um breve momentinho, estejamos fazendo algo que não agrade ao público. E não me venham com a velha desculpa do "o público de teatro não sabe o que é teatro" porque se não sabe, ao menos tem convicção de dizer "gostei ou não gostei" mesmo que não saiba dizer os motivos para isso.



Pode ser que o público seja mal educado (e é!) mas precisamos também ver que tipo de peça de teatro ou filme no cinema estamos desenvolvendo. Porque afinal, "O Médico e o Monstro" é a mesma pessoa.



E se o público é o Monstro, nós somos os Médico(s).

Crítica - Peça de teatro - Mambembe

Crítica da peça teatral "Mambembe" que está em cartaz aos sábados no teatro commune em SP.

Bem meus coleguinhas,



Como bem já devem saber essa crítica deveria ser de outra peça de teatro.



Nunca havia ido até o charmoso teatro Commune. Logo na entrada temos uma tendência "a la praça Rossevelt", ou seja, o teatro tem em sua entrada um barzinho e estava bem cheio de gente. A peça ia começar às 21hs.



Ia, porque começou por volta das 21h10min. (tá pode me chamar de chato...)



Ao me colocar em meu assento (que não é marcado, justificando assim a enorme fila que se formou antes da entrada) duas surpresas:



-A boa é que o grupo estava já na coxia esquentando os motores, falando alto, cantando e nos deixando ansiosos por entender o que se passava.

-A ruim é que o sujeito ao meu lado veio acompanhado de uma tv portátil (tipo celular) que deixou ligada por uns 20 minutos (ainda faço um post xingando o público...).



A peça começa com um pedido inusitado para que se desliguem os celulares. Uma cantoria completa o prelúdio.



O sábio leitor que for acompanhar a peça (que finda no primeiro sábado de outubro) sentar-se-á nas cadeiras do fundo.Ou terminará a peça com dor de cabeça. O volume dos atores ultrapassa demais o limite do aceitável.



A peça é gritada em sua maior parte. Se o figurino é muito bem feito, bem como a falta de cenário que completa bem o estilo mambembe que o texto pede, a luz deixa a desejar.



Uma luz geral acompanha toda a peça (com exceções aqui e ali) o que contribui para que a montagem se torne cansativa. A direção também não ajuda os atores.



Um texto corrido demais acaba por se embaralhar ao chegar em nossos ouvidos. Poucos momentos conseguem arrancar risadas do público.



Mas o grupo é forte e entusiasmado (o que , de certa forma, já é admirável).



A peça me passou a sensação de ser mais longa do que deveria, outra falha da direção.



A maquiagem dos atores é muito bem feita, exceção a um ou outro que parece ter feito com pressa para entrar logo em cena.



A sonoplastia tem seus acertos, mas peca, às vezes, pela insistência de efeitos cômicos (que deixam de ser cômicos quando perdem a surpresa).



A adaptação do texto foi muito bem feita, e ele passa de fato a mensagem, embora se perca em frases como "paciência, é pelo amor à arte", que são jogadas boca a fora pelos atores, sem a menor preocupação em dar um tom sério ou irônico. Simplesmente é dita.



A peça se encontra em cartaz aos sábados às 21hs no teatro Commune (avenida Consolação 1218 próximo ao Mackenzie), custa R$30 (inteira) e tem estacionamento ao lado.



Mas se aceita uma sugestão, vá ver o Parlapatões.

sábado, 12 de setembro de 2009

Peça 3x4

Peça 3x4, adaptação do excelente texto de Sartre (Entre quatro paredes, que você encontra para download digitando "Download livro entre quatro paredes" mas se for ilegal não me culpem...) Está em cartaz no teatro Commune em SP na Rua da Consolação 1218 toda SEXTA-FEIRA até o dia 30 de setembro.

Peça em cartaz toda SEXTA ás 21hs. O teatro commune fica na rua da consolação número 1218 próximo á Piaui.



Algum tempo atrás recebi, por e-mail, um pedido de divulgação da peça acima. Respondi que se o interessado concordasse faria uma crítica, isenta e livre, sobre a peça e que nela faria a tal divulgação...



Acontece que a besta que vos escreve simplesmente apagou da mente que a peça ocorre TODAS AS SEXTAS NO TEATRO COMMUNE e estou neste instante escrevendo o post de dentro do teatro COMMUNE mas é sábado...



Como a USP me proibe de assistir a qualquer peça de teatro ou filme no cinema às sextas divulgo a peça sem crítica ou juízo de valores... 




Porque como diz meu avô: "O combinado não é caro"





E mil perdões públicas ao pessoal do 3 x 4

Memória: Meierhold

Depois de algumas poucas horinhas de sono cá estou eu novamente, e hoje vou contar um pouco da história de Meierhold, um cara (vejam como sou íntimo dele) do teatro russo que trabalhou com o (mais famoso, um pouquinho) Stanislávski...

É meu caríssimo leitor e minha rara leitora,



Vamos falar de teatro?



Karl-Theodor-Kasimir Meierhold (ou Meiergold se preferirem...) nasceu em 1875 na Rússia. Você deve estra se perguntando o que demônios esse sujeito fez para ser lembrado.



E eu vou responder que ele é, injustamente, pouquíssimo lembrado aqui em terras brasilis o que, no entanto, não quer dizer absolutamente nada. Este rapaz foi um dos responsáveis pela existência do Stanislávski. E se você ainda não sabe quem foi esse outro russo, saiba que Holywood deve muito a ele, mas esta é uma outra história...





Se você gosta de teatro a história a seguir vai lhe interessar por inteira, se gosta de cultura também. No entanto, se gosta de Vódka vai gostar só do início...



Oitavo, sim oitavo, filho de de um judeu (ok, se você for um acadêmico vai me corrigir dizendo que não há certezas até aqui, mas se não for é um dado interessante...) alemão que adotou o Luteranismo e fez fortuna com uma destilaria de Vódka (nada mais russo).



Nascido, como você poderia supor, em uma época não tão democrática (o eufemismo está na moda) onde o regime era o czarista, sua mãe recebia desde sempre em sua casa artistas e intelectuais que passavam pela cidade ou que estavam confinados nela, por motivos que você vai ter que imaginar...(não precisa muito...)



A parte que mais gosto (e me indentifico) é que ele levou apenas 11 anos para concluir as 7 séries do ginásio rússo. Mas já nessa época começou a se interessar ao que era importante se aplicando nos estudos de violino e piano além de afinar seu gosto musical.



Demonstrava interesse também pela arte dos provincianos comediantes que passavam por ali. Já no ginásio deu seus primeiros passos como intérprete fazendo algumas peças e escreveu algumas críticas teatrais (mas escapou dos Trolls ao contrário de mim...).



Vejam só, para não ingressar no exército do  Kaiser (já que era alemão) adotou em 1895 a cidadania russa e se converteu ao cristianismo e trocou seu triplo prenome (tá escrito lá em cima não vou repetir...) pelo mais simples (?!?!) Vsévolod em homenagem a um contista que havia conhecido alguns anos antes e que acabou por suicidar(-se).



Em 1895 foi a Moscou para ingressar na faculdade de direito, onde se manteve por pouco tempo já que escapava constantemente ao Teatro de Máli, onde pudia aplaudir ao invés de julgar... No ano seguinte voltou a sua cidade (Penza) onde se casou com uma atriz de um pequeno grupo local.



Neste mesmo ano resolveu adotar um movimento de jovens estudantes, escritores e artistas que consideravam formar um Teatro do Povo com a intenção de promover a elevação da massa popular (Ah, esses malditos comunistas...).



Voltou então no ano de seu casamento para Moscou onde fez o teste e foi aprovado para o Instituto Dramático e Musical onde foi aluno do Dântchenko (Chupa Wikipédia) que disse o seguinte do rapaz:



"Como ator ele não parecia aluno. Denotava certa dose de experiência e dominava os papéis com inusitada rapidez. Além disso manejava notável variedade de papéis..."



Mais tarde Meierhold construiria uma nova forma de teatro. Encontrou Stanislávski e formaram um estúdio onde ambos desenvolveram artes contrapostas. O que era para ser união os separou. Meierhold gostava de um teatro, por assim dizer, mais arte e menos real. Já o outro gostava de um teatro mais realista.



Mas essa história termina no próximo sábado...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Escola Livre e a política

Depois do leite derramado a ELT (Escola Livre de Teatro de Santo André) agora lembra que, às vezes, política influência diretamente nossas vidas. Correndo sérios riscos de ser fechada a escola publica, agora, uma carta de repúdio à demissão sumária de um de seus funcionários...





Pois é meus coleguinhas,



Vou me explicar direitinho para evitar nossos colegas Trolls que certamente virão depois deste post.



Começarei pela lembrança de um colega que fez ELCV (Escola Livre de Cinema e Vídeo). O colega em questão, à época das eleições municipais na tal cidadezinha me contava que não havia, por parte dos integrantes da escola, nem tampouco dos estudantes da escola preocupação política e / ou manifestações a respeito das eleições que se aproximavam.



À época, cheia de escândalos, estava bastante claro que o partido do governo perderia as eleições. Vale lembrar que foi esse o partido quem estabeleceu os vínculos e de fato criou as Escolas Livres. Modelo, aliás, muito pertinente e saudável.



O medo de ser censurado me fez não citar nominalmente partido nenhum, mas o google responde essas questões para você.



Bem, o fato é que nenhuma posição foi tomada. A Escola que ensina arte achou que deveria ficar mesmo no "Arte pela Arte", posição de muitos nesse meio (e que não critico, apenas mostro um resultado prático...).



Veio o fim das eleições, veio o novo prefeito.



Primeira atitude? Demitir a antiga coordenadora. As coisas começavam a ficar claras.



Hoje recebo uma enxurrada de e-mails a respeito da Escola, e da ma(u)ldade que é vê-la fechar, caminho que parece bem claro agora.



Ou vocês da escola AINDA NÃO CONSEGUEM ENXERGAR DOIS PASSOS ADIANTE?



É claro que é chato ver tudo isso acontecer. Mas as eleições servem para alguma coisa, afinal. O que me irrita nisso tudo (e não acho que isso dê razão ao prefeito) é que a política só interessa quando a coisa pega no calo... Oras bolas e carambolinhas, como já disse antes!



Então mandamos cartas, entupimos as caixas de e-mails do pessoal, MAS SÓ DEPOIS que alguém é demitido? Olhar as propostas dos candidatos, ver de que partido o cara vem, e a quem se deve apoiar diretamente, isso tudo é bobagem?



Pois muito bem, querem se mexer que se mexam! Antes tarde do que nunca já diria a minha avó... Mas é sempre bom lembrar que quem avisa amigo é.



Desculpem a brabeza, mas é chato ver o povo adorando o "CQC", cultivando a política do "Política não se discute" ou "São todos corruptos" e depois receber e-mail de gente chorando "as pitangas"...



E o pessoal da ELCV, espero, se mexam antes que seja mais tarde...



(para ler a carta oficial da escola clique AQUI)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O Vestibular e a dramaturgia

Na verdade melhor seria o título "O vestibular e a falta de dramaturgia" ou você se lembra de alguma obra teatral pedida pela USP/ UNESP / UNICAMP  e vestibulares por aí afora?

Você sabia que Gastão Tojero (pode apelar) escreveu cerca de inúmeras obras dramatúrgicas e, não fosse o Brasil o país que é, seria certamente o maior dramaturgo brasileiro de todos os tempos (em tamanho da obra)?



Você sabia que Oswald de Andrade escreveu 3 obras primas do teatro? (vamos lá...) Que Machado de Assis também escreveu teatro? (ok...)  Que Fernando Pessoa também? (chega né...)



No entanto as obras geralmente cobradas pelos vestibulares são as poesias quando não são - e são em sua maioria - romances e só.



Não estou dizendo que o vestibular deveria ser feito só de dramaturgia.



(na verdade só não digo isso porque sou bundão medroso demais)



Mas bem que o teatro deveria ser lembrado nestas provas xexelentas insanas . Por que não trocar a poesia maluca (saudavelmente maluca) do Pessoa pela igualmente saudável (e igual... ah, você entendeu) peça de teatro?



É meus turrãos (e turronas), este que vos fala é mesmo um sonhador. Mas como disse o mestre:



"Não sou nada

 Nunca serei nada

 Não posso querer ser nada

 À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo"



Tá bom, nem todos, mas vocês pegaram a lógica né?



O fato é que em 10 anos de colégio (estudei naquele de jesuítas, tem um de nome diferente mas da mesma franquia no RJ...) nunca ouvi nem sequer rumores da dramaturgia brasileira (nem estrangeira, aliás não soube nem que o Anchieta fazia teatro vejam só...).



E como sempre fui turrão (e burro!) enchia "os pacová" dos professores para saber disso e a resposta é era sempre a mesma "não cai no vestibular".



Ok, ok, não existe mesmo vida além ou aquém (Chupa Lancenet! Sei escrever e vocês não - não coloco o link porque acabei de ver que corrigiram o "a quem") Vestibular.



E não sou muito de fazer fofoca (MENTIRA!) mas aqui na USP (Letras) ninguém se importa muito com o teatro também não...

Utilidade Pública

Informações sobre Festivais, editais e outras utilidades, atualizados semanalmente...


Bolsa Culturas Populares: últimos dias para inscrições




Termina na próxima segunda-feira, 14 de setembro, o prazo para inscrições na Bolsa de Produção Crítica sobre as Interfaces dos Conteúdos Artísticos e Culturas Populares, com a qual a Funarte e o Ministério da Cultura irão viabilizar quinze projetos de estudo sobre a cultura popular brasileira. O investimento total no programa é de R$ 505 mil e as bolsas terão valor de R$ 30 mil.



Em sua segunda edição, a Bolsa é uma parceria entre a Fundação Nacional de Artes (Funarte), a Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural e a Secretaria de Cidadania Cultural do MinC. O objetivo é estimular o aperfeiçoamento profissional de críticos de arte no Brasil, criando condições materiais para que desenvolvam seu pensamento e ampliem a produção teórica acerca do atual panorama da cultura popular brasileira.



Os interessados em participar do processo seletivo devem enviar à Funarte um projeto de trabalho inédito, a ficha de inscrição preenchida e cópias de documentos pessoais (ver detalhes no edital). A temática dos trabalhos poderá abranger cultura material, música, literatura oral, estudos sobre a disciplina do folclore, religião, sistema de crenças em geral e rituais. Quinze proponentes serão contemplados, três em cada região brasileira, com bolsas no valor de R$ 30 mil.



Uma comissão composta por cinco membros de reconhecido saber nos campos de abrangência do programa ficará responsável pelo processo seletivo. Serão analisadas a originalidade do projeto, a qualidade da proposta e a metodologia do trabalho.

PRIMAVERA DOS LIVROS

A liberdade de ler o mundo

São Paulo 10 a 13 de setembro de 2009

Centro Cultural São Paulo




A 14ª edição da Primavera dos Livros, uma realização da Libre-Liga Brasileira de Editoras, apresenta ao público, de 10 a 13 de setembro, cerca de 7 mil títulos a preços acessíveis, com descontos de 10% a 40%. A entrada é gratuita. E o tema do evento em São Paulo, em 2009, são as diferentes formas de ler o mundo -- a literatura em todos os seus gêneros.



Em um espaço de 700 m², no Centro Cultural São Paulo, estarão presentes editores e autores, intelectuais e outros atores da cadeia produtiva do livro, numa intensa programação cultural para adultos e crianças, que inclui mesas-redondas, oficinas e lançamentos.



Para promover a troca de experiências entre editoras independentes de diferentes cenários internacionais, a Libre firmou uma parceria com a AECID - Embaixada da Espanha - Centro Cultural da Espanha, que traz ao evento os espanhóis Pep Duran e Marcos López, da editora independente OQO Editora, especialistas em estratégias de promoção da leitura, contação de histórias e formação de leitores.




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Cultura Inglesa oferece incentivo de R$ 511 mil para artistas
14ª edição de festival seleciona projetos de teatro, artes visuais, dança e cinema; inscrições abrem na quinta



quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Da organização

A organização, ação orgânica, melhor que fosse mecânica, pois teríamos ainda a desculpa da obrigação. Como um cão, deita! Senta! A organização é muitas e não são. Nem insana é, de tão organizada ...

A organização, ação orgânica, melhor que fosse mecânica, pois teríamos ainda a desculpa da obrigação. Como um cão, deita! Senta! A organização é muitas e não são. Nem insana é, de tão organizada. Com organogramas, diagramas; sou mais deitar e dormir, na grama. Me organizo melhor dormindo. E assim vou-me indo, errado, subjugado e calado e achincalhado, encalhado num pensar meio pirado, desorganizado. E vem ela a me olhar e destruir, mas há tantas no mundo, que prefiro me marginalizar.



Mundial da saúde, das nações unidas, do comércio exterior, não governamental, da sociedade civil ORGANIZADA.



Deus meu                
prefiro assim
sendo eu.

Sheila Mello e o teatro

Sheila Mello resolveu exigir fazer novela para participar do "A Fazenda 2", não sei se é para elogiar ou para criticar...

 Você sabia que aquela rede de televisão que é dona das franquias religiosas que mais crescem no mundo está produzindo mais um reality show? Você sabia que, convidada a participar, Sheila Mello exigiu que ganhasse também (além do cachê) papel nas próximas novelas da emissora? (link)



Agora pare e pense: Sheila Mello precisa exigir para que consiga emprego, imagine você que não é gostosa famosa(o) ?



Não sei se a atitude é de se elogiar ou criticar para ser sincero. Porque fazer um reality show é coisa que não faço (e digo isso já tendo recusado de participar de um duma emissora menorzinha, aquela de três letras...), ainda que o prêmio fosse ser protagonista de novela (como era o tal recusado...).



Por outro lado, exigir um trabalho de verdade depois de participar dessas férias remuneradas parece uma atitude louvável.



Não vou comentar sobre o nível técnico da loira em questão (a vi atuar numa única peça que já havia montado e meu avô sempre dizia: "se você não tem nada de bom a dizer sobre alguém, fique quieto"), porque acho que não vem ao caso.



Uma ex-loira do tchan querendo atuar pode ser normal. Uma ex-loira do tchan que procurou ter aulas de teatro não é. E não importa se as aulas foram forçadas pelo antigo patrão (daquela emissora de três letras) que é inteligente ou não. O fato é que a moçoila em questão tentou se profissionalizar, estudou (a escola não é das melhores mas foi onde estudei também...) um pouco, e está na luta.



Até ela já descobriu que fazer sucesso pelo talento é bem mais difícil do que se você "puser a mão no joelho dar uma agachadinha e etc.". Ok, poucos são os realmente talentosos, muitos são os medíocres e a grande maioria não consegue pronunciar Goeth nem sabem quem foi Artaud.



Mas quantos professores medíocres têm um excelente emprego? Quantos péssimos engenheiros ganham mais do que toda a bilheteria de um ano da sua última peça? Na verdade o mercado nem existe se estamos falando de teatro. O mercado publicitário existe. O televisivo semi-existe (dois empregadores formam um mercado?).



Enfim, aguardemos, porque deus ainda não assinou o tal contrato e a ex-loira do tchan ainda não tem emprego garantido...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Tempo e Cultura

Sim, São Paulo se afogou ontem. Sim, eu fui um dos afogados (mas não foi na favela da maré, nem estava com lanterna nenhuma). E sim, o título do post é um trocadilho. A questão que será discutida é bem simples, quanto tempo nos resta para a cultura?

Sim, São Paulo se afogou ontem. Sim, eu fui um dos afogados (mas não foi na favela da maré, nem estava com lanterna nenhuma). E sim, o título do post é um trocadilho. A questão que será discutida é bem simples, quanto tempo nos resta para a cultura?



Ganhei forçosas quatro horas de puro ócio. Nada a reclamar, a não ser o preço de um livro que acabei comprando porque bobo não sou e logo vi que ficaria horas dentro do meu nem tão confortável carrinho. Útil porém caro, o livro do mestre Sábato ("Panorama do Teatro Brasileiro") me deu um clique.



Quantas horas as pessoas têm para gastar com uma boa e velha leitura? (ou com uma nova, leitura virtual, sem discriminações) O ponto é que, envolto ao caos como estava tive que ler. Não me restava opção. E foi bom. E me lembrei de como é difícil ler hoje em dia. Não só porque o preço do livro é um tanto abusivo (gastei 50 reais num livro escrito em 1962, numa re-edição de 1992) e tende a ficar ainda mais, mas porque a concorrência é enorme.



Saibam os senhores e senhoras que nada tenho contra as novas mídias (seria um tanto controverso dizer que não, posto que tenho twitter, blog e msn...). Dito isso...



É complicado concentrar toda a nossa leitura em cima de blogs e links do twitter. Complicado não pelo fato de não sabermos quem está escrevendo do outro lado (sabemos apenas até a página 2), mas porque acabamos por abandonar os clássicos. Sem os clássicos não sabemos o que foi feito e sem saber disso não temos como mudar nada, certo? (talvez...)



Então o tempo que temos já é pequeno, e ele faz competição com nossa novela, filme, teatro, minissérie, twitter, blogs e tantas outras coisas não menos interessantes.



Pensando nisso (será?) o governo federal resolveu criar um fundo para literatura. O  fundo seria investido em bibliotecas públicas, novos encontros literários além de feiras de livro. Mas veja como é bizarro o setor editorial brasileiro.



Para a criação do fundo o governo resolveu taxar em 1% o faturamento bruto de todas as empresas da cadeia produtiva de livros, leia-se: editoras, livrarias, revisores e etc. A esperança do governo é lucrar R$60 milhões (só?!).



Acontece que para que isso seja possível o governo em 2004 abateu dos preços dos livros os impostos PIS e Cofins. Segundo o próprio governo o setor produtivo deixou de contribuir com 100 milhões de reais. A desculpa é que com este dinheiro economizado o mesmo setor investiria os tais 1% em cultura.



Não se perca.



Segundo os empresários esta nova taxa (a primeira que citei) criaria uma cadeia de aumentos que, claro, chegaria aos nossos bolsos em aproximadamente 2,1 % do preço final do livro. Um aumento irrisório para meu livro de 50 reais que custaria agora R$51,05 (podem me corrigir devo ter errado na conta...).



Não fosse a estranha sensação de que para incentivar a cultura os livros ficariam mais caros nada de errado...



Mas esse valor precisa ser repassado? Veja, só a Bienal do Livro do RJ terá um aumento de investimento de 30%. Até que para quem está afogado na crise essa indústria arrisca bem não é não?



Por fim me deparo com a seguinte declaração no respeitado "Valor Econômico" do não menos respeitado (pelo menos até esta declaração) dono da rede de livrarias que mais cresce no país (e que, por isso, não precisa de jabá) o Sr. Pedro Herz:



"Qualquer forma de incentivo à leitura é bem-vinda, mas cá entre nós: se o presidente Lula passasse a frequentar livrarias com seus filhos e neto, essa prática teria um efeito muito maior do que qualquer imposto ou fundo inventado pelo governo."



É fato! Só não entendi porque ele não cobrou isso do FHC também, e assim me pareceu um tanto preconceituosa a afirmação.



Fato mesmo é que a indústria que se diz lutando para sobreviver está investindo 30% a mais num evento tradicional, e a principal livraria do país cresce em ritmo acelerado. Se bem que também é público e notório que em 2008 foram vendidos 19% menos livros que em 1998.



E durmam com este barulho.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Novelas Inteligentes?

É isso aí meus polvinhos e minhas polvinhas, a novela está chegando ao seu final (de novo) o povo vai querer saber se a vilã (e o vilão?!) serão punidos, se a mocinha vai casar com o mocinho e, o mais importante, se aquela maledeta música do "Calcinha Preta" vai, finalmente, parar de entupir nossos ouvidos já tão cheios de lixo nuclear.



É isso aí meus polvinhos e minhas polvinhas, a novela está chegando ao seu final (de novo) o povo vai querer saber se a vilã (e o vilão?!) serão punidos, se a mocinha vai casar com o mocinho e, o mais importante, se aquela maledeta música do "Calcinha Preta" vai, finalmente, parar de entupir nossos ouvidos já tão cheios de lixo nuclear.



O mais interessante, no entanto, é o que a sabedoria popular lucrou com mais esta novela. Sim porque agora somos todos entendidos sobre a Índia. Sabemos todas as castas, os preconceitos e a cultura popular, certo?



Espero que ninguém tenha dúvida em responder um grande e sonoro 'NÃO'.



A novela fez (e até aí nada errado) a gentileza de facilitar o entendimento das castas por parte de tantos 'homer(s)' que assistem as novelas. E não me venha implicar porque chamei o espectador médio de 'Homer' porque foi o próprio Bonner (do Jornal Nacional) quem o fez há um tempo atrás, é só lembrar ...



O que não quero dá para entender é, por exemplo, suprimir totalmente da novela o fato de ser a Índia, o MAIOR produtor cinematográfico do mundo, produzindo mais filmes que Hollywood. Não dá para entender que se ausente de mostrar como são as eleições, ou ainda como são as punições aos crimes por lá.



E não consigo acreditar que mostrar um desses fatos diminuiria a trama audiência. E aí me volto à velha discussão se a Tv emburrece ou se o burro somos nós que pedimos a burrice na Tv. Me recuso a acreditar na última hipótese...



Por outro lado os posts menos vistos por aqui são os da seção "memórias", onde tento homenagear figuras históricas para a cultura de um modo geral. Os mais vistos, tem sido os que falam da "tv". Conclua o que quiser...



Só não dá para achar que conhecemos a Índia por conta dos chavões globais. Nem consigo entender (o Boninho provavelmente dirá que é pela falta de capacidade informação das classes mais baixas) os horários das minisséries, geralmente com grande elenco e dramaturgia.



É como se a globo fizesse as novelas para ganhar dinheiro e as minisséries para satisfazer o gosto pessoal, exatamente como os atores globais dizem do "fazer Tv" e do "fazer teatro"; um paga o salário e o outro satisfaz o anseio de artista...



É, se pensar bem, faz todo sentido.

domingo, 6 de setembro de 2009

Celebridades e as novas mídias

O tema está pra lá de batido, ainda assim escrevo um post a respeito. Por quê? Primeiro por estar mesmo batido, depois porque ele começa a afetar também o twitter.

Não é segredo nenhum para todos nós que o publico está mesmo preferindo ver um famoso ao invés de um bom espetáculo...



O tema está pra lá de batido, ainda assim escrevo um post a respeito. Por quê? Primeiro por estar mesmo batido, depois porque ele começa a afetar também o twitter.



Não é segredo nenhum para todos nós que o publico está mesmo preferindo ver um famoso ao invés de um bom espetáculo.



O que me parece novo é a insana procura por ídolos (não, não me refiro ao programa de tv) até mesmo onde eles não existem.



No twitter, nos blogs e pela internet afora o que tem ocorrido é uma continuação da televisão, e como se isso não fosse limitador suficiente, ainda buscam a pior parte dela.



O @cardoso em um de seus blogs escreveu sobre a possibilidade do final (ainda que simbólico) dos assessores de imprensa e como as novas midias aproximam as celebridades (ele usa outro termo) dos seus fãs; no entanto se ausenta de comentar a respeito do culto e formação de novas celebridades "twitteiras" e de como uma mídia inteiramente nova (e com tudo para tornar-se subversiva) acaba se revelando apenas um aparato continuista deste modelo Acultural.



Não que o twitter tenha a necessidade de ser um aparato cultural. Nem eu sonharia com isso. Mas poderia ser apenas mais um meio de comunicação...



O próprio @cardoso é uma destas celebridades. E não há nada de errado com ele. Ele não buscou isso, embora em minha opinião até goste do fato, as pessoas é que acabam elegendo-o a este posto.



Em suma, acho preocupante que o Twitter transforme alguém em celebridade e não transforme celebridade em alguém. Mas isso deve ser inveja minha, por não ser celebre.

sábado, 5 de setembro de 2009

Crítica – Tempos de paz

Crítica do filme "Tempos de Paz"

Um filme com Tony Ramos e Dan Stulbach já seria motivo suficiente para levar público ao cinema. Quem gosta de cultura vai por serem dois excelentes autores, quem gosta de celebridade assiste a dois globais.



Só vai estranhar um pouco aqueles que gostam de cinema, por assim dizer, do estilão tradiconal. Porque o roteiro se baseia em uma peça “Novas diretrizes em tempos de paz” e tem sérias dificuldades em se desvencilhar dela. Basta dizer que não é preciso assistir à peça para saber que partes provavelmente não faziam parte dela e foram incluídas no filme.



Os amantes do teatro certamente verão com gosto as atuações emocionadas dos protagonistas. Se a história tem a dificuldade de passar quase em sua totalidade em apenas um cenário tem a felicidade de ser baseado em uma dramaturgia muito feliz.



Dan atua também com sua história particular, um avô polonês que viveu situações parecidas com seu personagem.



Com momentos de graça para descontrair o clima, coisas da modernidade (e de um público desacostumado a tragédias), a peça é uma variação entre o desembaraço e a tensão de uma época de guerra.



Se inicialmente os personagens parecem não ter histórias (como se o filme já começasse na metade) os diálogos (única ação dramática) aos poucos vão revelando um torturador humano (clichê, mas funcional).



O outro personagem parece ser um mistério. E quando se revela não é para dizer de onde veio, qual sua família ou história. Mas para revelar um lado que não esperamos. Revela a inutilidade da arte diante da guerra. E se decepciona.



Como nem tudo são flores, o filme cria barreiras que não é capaz de desconstruir. Deixa de aproveitar um conflito bem interessante para tentar um final triunfal. Se a tentativa não é completamente bem sucedida o faz em grande parte. Excelentes atuações seguram este final, embora seja um pouco ingênuo.



Se o filme vale o ingresso, as atuações valem o transporte e até o vale-cultura.



Ah, antes de sair do cinema perguntei ao rapaz que acabara de abrir a cortina:



- Já viu o filme?

-Não, não gosto de filme nacional.



Então tá.



http://www.temposdepaz.com.br/

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Hesíodo

Você pode até não saber quem ele é. Ou sabe e está me corrigindo dizendo que a frase deveria ser: "Você pode até não saber quem ele é ele foi." Acontece que este é um post sobre um homem que nasceu e viveu por volta de 700 a.C ... E para um grego desta época se tornar imortal era tarefa simples, mas vamos lá...

Você pode até não saber quem ele é. Ou sabe e está me corrigindo dizendo que a frase deveria ser: "Você pode até não saber quem ele é ele foi." Acontece que este é um post sobre um homem que nasceu e viveu por volta de 700 a.C ... E para um grego desta época se tornar imortal era tarefa simples, mas vamos lá...



Hesíodo pertenceu ao que chamamos de Grécia Arcaica. (e daí?) Daí que esqueça democracia, teatro e afins, isso tudo que você provavelmente já ouviu falar só virá depois de alguns anos. E por que raios fazer um post sobre Hesíodo?



Homero você provavelmente conhece ou já ouviu falar. (finja pelo menos...) Ok, vamos popularizar, Ilíada e Odisséia você provavelmente ouviu falar. Se não ouviu falar ao menos soube de um filme ("Tróia") com o Brad Pitt. (ufa!) Não vou comentar do filme para não ficar ainda mais decepcionado com o mundinho insano em que vivemos (ou não é insano você saber quem é Mara Maravilha e não saber quem foi Hesíodo?).



Fato é que este tal de Homero é conhecido por inaugurar (na verdade não é bem assim, mas vamos ao ponto, né?) um gênero literário chamado Épica.



O que marcou essa tal de Grécia Arcaica foi o REssurgimento da escrita (Ah, daí que veio o maldito 'delta' do maldito 'báscara' da não menos maldita 'fórmula de báscara'? Sim meu caro, as coisas estão ficando mais próximas...).



Esse 'Homero' não escreveu coisa nenhuma. Apesar do que costumamos dizer, ele 'apenas' criou oralmente um poema composto de mais de dez mil versos. Não é tão difícil quanto parece (mas ainda beira o impossível) se você pensar que o poema era inteiramente ritimado e com fórmulas que hoje poderíamos chamar de refrão (mas não era cantado, era recitado).



Mas e o Hesíodo, você me pergunta. Bem, Hesíodo escreveu algo que muitas vezes é confundido com Épica, já que usava fórmulas e ritmo parecido (muito mesmo) com os do Homero. Acontece que se a épica de Homero contava os feitos dos varões (é isso mesmo, mas hoje chamaríamos de heróis) as duas obras que chegaram até nós falam, respectivamente de... CALMA!



Vamos primeiro ver o que diz a wikipédia:



"Também conhecida por Genealogia dos Deuses, é um poema mitológico de Hesíodo (séc. VIII a.C.). Trata da gênese dos deuses, descreve a origem do mundo, os reinados de Cronos, Zeus e Urano, e a união dos mortais aos deuses, desta forma nascendo os heróis mitológicos. As personagens representam aspectos básicos da natureza e do homem, expressando assim as idéias dos primeiros gregos sobre a constituição do universo."



Ok ninguém mais confia na wikipédia, nem eu... então vamos a algo um muito melhor, do Dicionário Oxford de Literatura Clássica (grega e latina):



O poema, que se refere em seu exórdio a Hesíodos como se tratasse de um escritor mais antigo, conta a história e a genealogia mitológicas dos deuses, começando com o caos primordial. (...) O restante do poema é constituído  talvez por adições posteriores, é uma continuação da genealogia divina.



Ela continua mas basta (informação demais emburrece). Agora, pára e pensa.



Teatro começou onde? Teatro na grécia sem os deuses? Deuses sem Hesíodo? Viu como é bizarro você ter ouvido falar da Mara Maravilha e não ter a menor idéia de quem foi / é Hesíodo ?





em tempo: Para os gregos você se tornaria imortal por conta dos seus feitos, ou na guerra ou na arte.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Eu te odeio!

Muito bem, você leu o título, e provavelmente está pensando o porque do meu ódio. Na verdade você já deve ter quase certeza (agora terá certeza) de que não estou dizendo a verdade com o título deste post. Você provavelmente concluirá que este é um título com duplo sentido...

Muito bem, você leu o título, e provavelmente está pensando o porque do meu ódio. Na verdade você já deve ter quase certeza (agora terá certeza) de que não estou dizendo a verdade com o título deste post. Você provavelmente concluirá que este é um título com duplo sentido...



E sim! Você está certo! É claro que não posso odiar quem eu não conheço (na verdade posso e o faço!)... a intenção do título é refletir o tema do post (é por isso que chamam de título, não é?) que é na verdade a intolerância...



Mas não vou falar de racismo, muito menos de pré-conceitos... Tolerância começa antes. Intolerância começa bem antes disso.



Intolerância começa quando achamos que temos poder para simplesmente ditar as regras para alguém. Mas, dirá o leitor atento, os pais precisam ditar as regras para os filhos, os professores precisam ditar as regras para os estudantes e por aí vamos (ou não vamos).



Acontece que faço Letras e, talvez por este motivo, gosto muito de brincar com as palavras. De modo que acabei pegando a frase:



Ditar as regras para



resolvi colocá-las com uma pequena alteração:



Ditar as regras com



a simples alteração de uma palavrinha acaba transformando toda uma gama de possibilidades e reações. É por isso que não consigo compreender a idéia de chamar de alunos os estudantes. É por este mesmo motivo que não consigo compreender nossa ignorância aos textos (teatrais principalmente) do resto da América Latina.



Pense rápido 5 textos da América Latina que você tenha lido ou ouvido falar ultimamente. Pense agora em 10 textos europeus que você tenha lido ou ouvido ultimamente. Na literatura isso tem mudado um pouco, estamos cada dia menos ignorantes a estes textos.



Mas e nas artes?



Quando foi a última vez que soubemos de uma apresentação de dança latino-americana? Será falta de dançarinos? Seria a falta de possibilidade destes povos?



Você acredita mesmo nisso? Ou ainda a questão da língua? Somos um dos poucos países americanos a não falar espanhol... Mas Shakespeare falava inglês né? Arthur Miller idem e  Samuel Beckett escreveu sua peça mais famosa em francês...



Me parece que ler o original em espanhol é mais fácil que em inglês não é mesmo?



em tempo: ótima dica de @mariozinho sobre Cabo Verde