segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A emissora Geni

Teatro sem nunca ter trabalhado na Globo? Teatro sem a grande mídia é possível?  Uns dizem que é vender a alma. Outros que é sobrevivência...



Não é raro ver atores revoltados com a situação do teatro em nosso país. E as reclamações são quase sempre as mesmas: falta de verbas públicas, falta de público, falta de cultura etc. e tal...

Raro é ver quem consiga ultrapassar estes limites. Missão homérica é achar alguém que consiga dizer ok, a globo talvez não seja culpada de tudo. A Globo pode até ajudar o teatro um pouquinho que seja.

Não cara leitora. Não meu raríssimo leitor.



Não farei aqui uma defesa ferrenha da emissora. Em outras oportunidades já a critiquei e pretendo continuar com a minha opinião. Muito bem.



Fato mesmo é que a rede Globo de Televisão pouco faz para prejudicar o teatro. Faz igualmente pouco para ajudá-lo também. Mas a questão é: é função da Globo ajudar alguém?



Me parece óbvio, claro e transparente que não.



Oras bolas e carambolinhas, é claro que no momento em que um produtor global utiliza um edital público (ou lei de incentivo) para produzir uma peça igualmente global e com o patrocínio da Globo (que será deduzido no IR da própria emissora), a emissora lucra mais do que a cultura. É mesmo?



Talvez. Primeiro é preciso considerar que nada existe de ilegal nesta prática. E sim, considero ingênuo quem espera que uma multinacional (seja de quem for) seja ética e moral. Eu espero que utilizem de práticas legais e só isso já me faz pensar se não estou sendo demasiadamente ingênuo também.



Ok. Imoral e anti-ético. Mas o ponto é: prejudica a cultura?



Prejudica! Dirá o ator / produtor / atriz etc. que tenta o mesmo patrocínio sem ser "global" (ou da record, dá no mesmo).



Claro que não! Dirá o espectador médio. Sim, porque ele , que não tem 80 reais, achará lindo (e de fato é) poder assistir a uma Fernanda Montenegro por R$30.



A questão para mim é muito simples, a Lei não deve tratar como iguais os diferentes. Simples assim. Eu não sou o Fagundes, não quero, portanto, o mesmo tratamento dele. É preciso que a lei separe nichos culturais e distribua percentagens diferentes para cada um de nós.



Exemplo: Ator / Atriz de renome nacional: porcentagem a ser deduzida do IR: 2%

               Ator / Atriz iniciante (leia: sem renome nacional): porcentagem a ser deduzida do IR: 8%



Aí sim você poderá tentar pedir patrocínio em condições de ao menos existir uma chance de conseguí-lo. Enquanto a lei tratar você da mesma forma que o Gilberto Gil não se pode culpar a Globo.

Artigos Relacionados