sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Eu tive um sonho

Não, não sou Martin Luther King, mas posso sonhar, ou não?

Não sou nada.

Nunca serei nada.

Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.





Eu tive um sonho.

Um sonho onde nenhum produtor me mandaria convites para atuar de graça.

Um sonho onde os universitários que produzissem arte buscassem leis de incentivo para pagar os envolvidos. E conseguissem apoio.

Um sonho onde dizer não ao trabalho de graça não fosse visto como arrogância, mas dignidade.



Eu tive um sonho.

Um sonho onde existissem escolas públicas de arte. E não fossem construídas pelos amigos do governador.

Um sonho onde fosse possível sonhar de viver do teatro. E não precisassemos fazer Tv antes para isso.

Um sonho onde ser bonito(a) não fosse requisito primordial para o sucesso artístico. Nem o único.



Eu tive um sonho.



Eu tive um sonho.

Um sonho onde fosse possível dizer a palavra arte sem amontoar significados que mais lembrem a palavra ignorância.

Um sonho onde ir ao teatro significava ver teatro.

Um sonho onde fazer cinema fosse possível a todos. Mesmo os que só querem sucesso.



Eu tive um sonho.

Não tenho mais.

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